A longa e profunda amizade entre dois dos mais importantes escritores brasileiros reflete-se nas cartas trocadas por eles entre 1946 e 1969. Permeada pelo espanto e fascínio dos autores ante o futuro, CARTAS PERTO DO CORAÇÃO traz a correspondência entre Fernando Sabino e Clarice Lispector e permite, a reboque, descobrir o mundo interno desses dois escritores quando jovens.
Na última fase da vida de Clarice Lispector surgiram-lhe outras relações de amizade, mas o relacionamento entre ela e Fernando Sabino foi o primeiro e um dos mais intensos desde o início de sua carreira literária. Em janeiro de 1944, Sabino mal havia completado vinte anos e recebia, em Belo Horizonte, onde morava, o exemplar de um romance chamado Perto do coração selvagem, com uma dedicatória da autora, Clarice Lispector, ainda desconhecida do grande público. 'Fiquei deslumbrado pelo livro,' confessa Sabino.
Depois de apresentados um ao outro por Rubem Braga, os dois começaram uma amizade marcada pelo convívio diário e conversas marcadas em confeitarias da cidade. Uma ligação retratada em CARTAS PERTO DO CORAÇÃO. A amizade continuou , através dessas cartas, com uma freqüência só interrompida quando se encontravam os dois no Rio de Janeiro. 'Trocávamos idéias sobre tudo,' Conta Sabino. 'Submetíamos nossos trabalhos um ao outro. Reformulávamos nossos valores e descobríamos o mundo, ébrios de mocidade. Era mais do que a paixão pela literatura, ou de um pelo outro, não formulada, que unia dois jovens ''perto do coração selvagem da vida'': o que transparece em nossas cartas é uma espécie de pacto secreto entre nós dois, solidários ante o enigma que o futuro reservava para o nosso destino de escritores.'
A 12 de outubro de 1923, nasce Fernando Tavares Sabino em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Faz o curso primário no Grupo Escolar Afonso Pena, e o secundário no Ginásio Mineiro, em Belo Horizonte. Aos 13 anos, escreve seu primeiro trabalho literário: uma história policial logo publicada na revista Argus, editada pela polícia minieira.
A partir daí, passa a escrever crônicas sobre rádio, enquanto inicia estreita convivência com Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos. Entra para a faculdade de Direito em 1941, mesmo ano em que publica seu primeiro livro, Os grilos não cantam mais, elogiado por Mário de Andrade numa carta que daria início a pródiga correspondência entre ambos. Em 1944, muda-se para o Rio. Dois anos depois, ao completar o curso universitário, vai morar em Nova York como correspondente do jornal Diário Carioca e assistente no Consulado Geral do Brasil, o que lhe vale a iniciação nos autores de língua inglesa. Curiosamente, é na metrópole americana que começa a escrever O grande mentecapto, obra que abandona para retomar mais de 30 anos depois.
Em 1952, com o lançamento de A vida real, Sabino exercita-se em novas experiências literárias. Seu primeiro romance, O encontro marcado, é escrito quatro anos depois. Durante o ano de 1959, trabalha como correspondente na Europa de grandes jornais brasileiros, como o Jornal do Brasil e da revista Manchete. Um ano depois, é enviado a Cuba para realizar reportagens para diversos veículos de comunicação do Rio, Minas Gerais, Bahia e Recife.
Os anos 60 se caracterizam como um dos períodos mais férteis na carreira do escritor mineiro. São desta época livros como O homem nu, A mulher do vizinho (Prêmio Fernando Chinaglia do Pen Club do Brasil) e A companheira de viagem. De 1964 a 1966, o escritor vive em Londres como correspondente do Jornal do Brasil. Em 1972, passa a dedicar-se também ao cinema ao lado de David Neves, com quem realiza uma série de minidocumentários sobre Hollywood para a TV Globo. Funda a Bem-te-vi filmes, produzindo curtas-metragens sobre feiras internacionais em Assunção, Teerã, México, Argel e Hanôver. Concilia as funções de produtor e diretor numa série de documentários sobre escritores brasileiros contemporâneos.
As reminiscências de sua infância, Sabino as registra em O menino no espelho, obra de 1982. Seis anos mais tarde, o autor voltaria à autobiografia com O tabuleiro de damas. O livro De cabeça para baixo, em que relata suas experiências em incontáveis viagens, é lançado em 1989 e reeditado com atualizações e acréscimos sete anos depois. Tem, em seu currículo, traduções de Flaubert, Hemingway, Twain, Tolstoi e Maurois, entre outros, além de prêmios importantes, com destaque para o Jabuti de 1979 na categoria romance, com O grande mentecapto. Em 1999, ganhou da Academia Brasileira de Letras o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra
LIVRO NOVO
Na última fase da vida de Clarice Lispector surgiram-lhe outras relações de amizade, mas o relacionamento entre ela e Fernando Sabino foi o primeiro e um dos mais intensos desde o início de sua carreira literária. Em janeiro de 1944, Sabino mal havia completado vinte anos e recebia, em Belo Horizonte, onde morava, o exemplar de um romance chamado Perto do coração selvagem, com uma dedicatória da autora, Clarice Lispector, ainda desconhecida do grande público. 'Fiquei deslumbrado pelo livro,' confessa Sabino.
Depois de apresentados um ao outro por Rubem Braga, os dois começaram uma amizade marcada pelo convívio diário e conversas marcadas em confeitarias da cidade. Uma ligação retratada em CARTAS PERTO DO CORAÇÃO. A amizade continuou , através dessas cartas, com uma freqüência só interrompida quando se encontravam os dois no Rio de Janeiro. 'Trocávamos idéias sobre tudo,' Conta Sabino. 'Submetíamos nossos trabalhos um ao outro. Reformulávamos nossos valores e descobríamos o mundo, ébrios de mocidade. Era mais do que a paixão pela literatura, ou de um pelo outro, não formulada, que unia dois jovens ''perto do coração selvagem da vida'': o que transparece em nossas cartas é uma espécie de pacto secreto entre nós dois, solidários ante o enigma que o futuro reservava para o nosso destino de escritores.'
A 12 de outubro de 1923, nasce Fernando Tavares Sabino em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Faz o curso primário no Grupo Escolar Afonso Pena, e o secundário no Ginásio Mineiro, em Belo Horizonte. Aos 13 anos, escreve seu primeiro trabalho literário: uma história policial logo publicada na revista Argus, editada pela polícia minieira.
A partir daí, passa a escrever crônicas sobre rádio, enquanto inicia estreita convivência com Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos. Entra para a faculdade de Direito em 1941, mesmo ano em que publica seu primeiro livro, Os grilos não cantam mais, elogiado por Mário de Andrade numa carta que daria início a pródiga correspondência entre ambos. Em 1944, muda-se para o Rio. Dois anos depois, ao completar o curso universitário, vai morar em Nova York como correspondente do jornal Diário Carioca e assistente no Consulado Geral do Brasil, o que lhe vale a iniciação nos autores de língua inglesa. Curiosamente, é na metrópole americana que começa a escrever O grande mentecapto, obra que abandona para retomar mais de 30 anos depois.
Em 1952, com o lançamento de A vida real, Sabino exercita-se em novas experiências literárias. Seu primeiro romance, O encontro marcado, é escrito quatro anos depois. Durante o ano de 1959, trabalha como correspondente na Europa de grandes jornais brasileiros, como o Jornal do Brasil e da revista Manchete. Um ano depois, é enviado a Cuba para realizar reportagens para diversos veículos de comunicação do Rio, Minas Gerais, Bahia e Recife.
Os anos 60 se caracterizam como um dos períodos mais férteis na carreira do escritor mineiro. São desta época livros como O homem nu, A mulher do vizinho (Prêmio Fernando Chinaglia do Pen Club do Brasil) e A companheira de viagem. De 1964 a 1966, o escritor vive em Londres como correspondente do Jornal do Brasil. Em 1972, passa a dedicar-se também ao cinema ao lado de David Neves, com quem realiza uma série de minidocumentários sobre Hollywood para a TV Globo. Funda a Bem-te-vi filmes, produzindo curtas-metragens sobre feiras internacionais em Assunção, Teerã, México, Argel e Hanôver. Concilia as funções de produtor e diretor numa série de documentários sobre escritores brasileiros contemporâneos.
As reminiscências de sua infância, Sabino as registra em O menino no espelho, obra de 1982. Seis anos mais tarde, o autor voltaria à autobiografia com O tabuleiro de damas. O livro De cabeça para baixo, em que relata suas experiências em incontáveis viagens, é lançado em 1989 e reeditado com atualizações e acréscimos sete anos depois. Tem, em seu currículo, traduções de Flaubert, Hemingway, Twain, Tolstoi e Maurois, entre outros, além de prêmios importantes, com destaque para o Jabuti de 1979 na categoria romance, com O grande mentecapto. Em 1999, ganhou da Academia Brasileira de Letras o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra
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