O lazer é uma de nossas grandes obsessões, mas permanece mal conhecido: sua dimensão real está escondida na representação dominante e estereotipada de suas relações com o “trabalho” e outros compromissos sociais na dinâmica das mutações culturais e sociais de nosso tempo, cujo desconhecimento torna a reflexão teórica ilusória e a política cultural, cega. O lazer não é apenas o tempo liberado pelo progresso econômico e pela reivindicação social, mas também criação histórica oriunda das mudanças dos controles institucionais e das exigências individuais. Condicionado pelo consumo de massa e pela estrutura de classe, torna-se cada vez mais o centro da elaboração de novos valores: põe em xeque as regras do trabalho profissional e escolar, a vida familiar, socioespiritual e sociopolítica, e dá origem a um movimento que começa a modificar não apenas a sociedade, mas as orientações da própria vida. Dumazedier focalizou tais questões de modo tão incisivo e pioneiro no fim da década de 1970, que fez desta obra um clássico internacionalmente estudado e debatido.
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